RELAÇÃO
PROFESSOR-ALUNO: DIÁLOGOS SOBRE O CURRÍCULO PRESCRITO E A PRÁTICA ESCOLAR
Maria Cleonice
Soares(UERN – cleonice_s@hotmail.com)[1]
Rayane Carla B.
da Silva(UERN - rayane_carlabs@hotmail.com)[2]
Normandia de Farias
Mesquita Medeiros(UERN - medeiros_norma@hotmail.com)[3]
RESUMO: Os desafios
postos a formação e a prática do professor, no contexto atual, focam, dentre
outros aspectos, estabelecer relação entre as propostas curriculares de ensino
e as relações entre professor-aluno. Objetiva-se com este trabalho abordar o
relacionamento professor-aluno em sala de aula, observando como ocorre na
dinâmica do currículo escolar, espaços no qual professores desenvolvem uma
tarefa complexa - do ensinar e aprender, exigindo-se também cumprimento do
planejamento curricular da escola e ao mesmo tempo lidar com as questões
cotidianas de seus alunos. Realizamos a pesquisa em uma escola da rede publica
de Mossoró/RN, no intuito de observar a relação do currículo escolar e a
interação entre os sujeitos educador e educando. Fundamenta-se os estudos
teóricos em autores como Freire (1996); Sacristán e Gómez (1996) Perrenoud (2000)
e Pimenta e Libâneo (2006), que abordam questões relevantes sobre o ensino-aprendizagem,
a formação do professor e seu lócus formativo.
Destaca-se que a relação professor-aluno desenvolve-se no âmbito do currículo prescrito
e do currículo oculto. Evidencia-se que a relação entre educador e educando tem
uma significância no aprender e no saber desenvolvido pelo aluno, pois a produção do conhecimento integra-se com o
estado de conforto que os alunos tem em relação ao professor que ministra a
aula. Concluí-se, portanto que há uma estreita relação entre a assimilação dos
conteúdos em consequência da boa relação professor aluno, se o educador supre a
necessidade do aluno no que diz respeito a afetividade, ele acaba sendo mais
participativo nas aulas.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO
CONTINUADA; CURRÍCULO ESCOLAR; RELAÇÃO EDUCADOR EDUCANDO.
INTRODUÇÃO
Em meio aos desafios atuais postos
ao professor, destaca-se as propostas curriculares de ensino e as relações
entre professor-aluno. Objetivamos abordar o relacionamento professor-aluno em
sala de aula, as dificuldades, as interações, as aprendizagens e a afetividade.
Relatamos nossa experiência com o tema, este se originou de um trabalho proposto
na disciplina currículo que é uma disciplina que visa, desenvolver nos alunos
da graduação noções conceituais a respeito do que seja um currículo, como esse
se organiza e como é aplicável na escola, evidenciando, com isso as duas
vertentes de currículo formal e oculto, um prescrito e o outro que acontece
verdadeiramente nas salas de aula.
Percebemos que além de desenvolver o currículo
prescrito, os conteúdos, o professor precisa considerar o perfil de seus alunos.
Compreendemos que currículo é tudo que acontece na escola, nesse sentido é
necessário desenvolver práticas emancipadoras no cotidiano escolar, na sala de
aula, envolver e motivar os alunos. FERRAÇO (2007) destaca
uma coisa é o currículo considerado uma intenção, um plano ou uma prescrição
que nos diz o que deveria ou o que planejamos que ocorra na sala de aula, outro
é o que realmente acontece. Portanto o currículo tem de ser entendido como
cultura real que surge de processos. Em nosso estudo entendemos que nesses
processos esta envolvida a relação professor-aluno.
Observamos que a formação contribui nas ações e
práticas do professor, fundamenta e auxilia em as concepções do professor sobre
o processo de ensinar e aprender. A formação e a experiência docente, conduz as
ações pedagógicas do professor. Ressaltamos
que um professor que dinamiza sua aulas e observa seus alunos tende a melhor
reagir diante das situações problemas e organizar o currículo que realmente
será desenvolvido com seus alunos,como destaca FERRAÇO (2007), o currículo real.
METODOLOGIA
Este trabalho emergiu a partir de
uma pesquisa empírica desenvolvida junto à disciplina currículo do Curso de
Pedagogia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, numa escola da
rede básica de ensino, na periferia da cidade de Mossoró- RN, observamos uma
turma de 3º ano do ensino fundamental. A professora que entrevistamos é formada
em Pedagogia, com especialização em psicologia da aprendizagem (a escolha da
mesma ocorreu de forma optativa, sendo que o único critério era que fosse
formada em pedagogia). Nos respaldamos principalmente em KULLOK (2002) que fala
da relação professor-aluno e sua contribuição a prática pedagógica; FREIRE
(1996) que aborda a pedagogia da Autonomia e os saberes necessários a prática
docente; e FERRAÇO (2007), que discute o currículo real e o currículo
prescrito, oficial no cotidiano da escola.
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
No processo ensino-aprendizagem alunos
e professores deparam-se frente a frente e ambos caminham para a construção da
aprendizagem visto que alunos e professores interagem entre si e se educam em
comunhão (FREIRE, 1996). Percebemos ainda que nessa relação ensino aprendizagem
a relevância está na aprendizagem e não propriamente no ensino. É imprescindível
a uma boa ação pedagógica que o educador tenha a consciência que muitas vezes
em sua aula ele irá se deparar com situações que o currículo prescrito/oficial,
não irá dar conta, diante disso é que, acreditamos, ser necessário que o
professor use de suas atribuições educacionais para conduzir os alunos a
mobilizar seus conhecimentos diante das situações complexas que acontecem no
interior da sala de aula e da escola.
A relação professor-aluno não ocorre
de forma isolada, visto que qualquer processo de transformação da realidade
escolar deverá ter como um de seus principais elementos constitutivos a
valorização do professor e do ato de ensinar, conforme Kullok (2002). Ou seja,
é necessário que haja uma relação de valorização mutua, entre professores e
alunos, sendo nesta relação que ocorre o processo de transformação da realidade
e produção do conhecimento. Segundo Perrenoud, apud, Kullok, 2002, p.10 “ensinar é antes de tudo, fabricar
artesanalmente os saberes tornando-os ensináveis, exercitáveis e possíveis de
avaliação no quadro de uma turma, de um ano, de um horário, de um sistema de
comunicação e de um trabalho”. Tornar os saberes ensináveis implica uma nova
forma de conceber a sala de aula que deverá ser não apenas um local de
transmissão, mas um espaço de construção de conhecimento. Para que isso ocorra
é necessário dar condições para que o professor reveja o seu modo de ensinar e
conceber o ensino.
A Professora entrevistada assinala que
é imprescindível que o professor demonstre afeto e compreensão, principalmente,
quando a criança se mostra muito agitada, pois é preciso detectar os possíveis
problemas que ela possa estar enfrentando. É necessário considerar o contexto
social das crianças, claro que o educador não irá adentrar profundamente o lar
da criança, mas irá, poderá considerar o contexto social de seus alunos.
Freire (1996) aponta que o aluno é o
agente principal da aprendizagem, ou seja, o aluno é o sujeito e o construtor
do processo. Toda aprendizagem encontra-se embasada em um bom relacionamento
entre os agentes que participam do processo, ou seja, mas que a relação entre
professor e alunos, os colegas de turmas, a classe inteira precisa está em
comunhão, o que é um desafio, pois as salas de aula estão abarrotadas de aluno.
Sendo os alunos agentes participativos e ativos na construção do conhecimento,
a sala de aula precisa ser um espaço de convivência, onde os papeis de
professor e aluno fiquem claros, porém, onde a construção do conhecimento
ocorra de forma coletiva.
No
que concerne à aprendizagem o currículo escolar deverá organizar-se em torno de
quatro aprendizagens fundamentais que virão a constituir-se nos pilares do
conhecimento de acordo com kullok (2002, p. 18).
Aprender a
conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer,
para poder agir e sobre o meio envolvente; aprender a viver junto, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e aprender
a ser, via essencial que integra as demais aprendizagens.
Assim,
percebemos, que a formação contribui de maneira significativa ao percurso
metodológico das aulas, pois, a professor entrevistada afirma que sua formação
continuada, a conduziu a acompanhar o desenvolvimento das crianças e ampliou sua
compreensão sobre o processo de ensino e aprendizagem. A aula deve ser considerada como
vivencia, isto quer dizer que as abordagens no decorrer da aula, devem
considerar a realidade dos alunos. Para que o alunos cheguem a construção do
conhecimento é necessário considerar o
nível de desenvolvimento cognitivo do aluno, respeitar o processo de
aprendizagem de cada aluno, oferecer condições para que cada aluno, possa
superar suas dificuldades, para isso o educador deve está atento as alterações
de comportamento.
É preciso
transformar a vida da sala de aula e da escola, de modo que possam vivenciar-se
as práticas sociais e intercâmbios acadêmicos e que introduzam a solidariedade,
à colaboração, a experimentação compartilhada, assim como a outro tipo de
relações com o conhecimento e a cultura que estimulem a busca, o contraste, a
critica, a iniciativa e a criação (Sacristán e Gómez, apud, Kullok, 2002, p.
16).
Ao
valorar o desenvolvimento das relações sociais, entendemos que o fundamental é
criar uma interação entre aquele que ensina e aquele que aprende. Kullok (2002, p. 17) afirma que o
professor ao ter um “currículo voltado mais para o aprender a aprender, os
professores precisaram estar preparados para está prática que exigira uma nova
postura frente ao aluno e ao conhecimento”, ou seja, sempre que houver
necessidade a metodologia do ensino será modificada em função do
conhecimento.
No decorrer de suas aulas, a professora investigada,
usava como recurso metodológico o método mutuo e o individual, no qual os alunos
realizam as atividades de sala e ainda se aproximam, chegam a mesa da professora
para ler a lição passada. Diariamente a docente trabalha com o momento da
leitura. Ela acredita que isso ajuda e estimula as crianças a se interessarem
pela leitura, pois enfrenta, com algumas crianças dificuldades de apreensão da
leitura, por isso acha importante que haja esse espaço onde a leitura seja
priorizada. Sobre a relação professor-aluno, a educadora entrevistada disse que
por passar tanto tempo com o aluno acaba por criar uma relação de afetividade.
Contanto, a professora deixa claro que há uma grande
diferença entre a teoria e a prática, há também uma diferença entre o que esta
estabelecido no currículo e o que ocorre realmente na sala de aula. Trabalha de acordo com o plano estabelecido,
porém sempre ministra a aula de acordo com as necessidades dos alunos.
CONCLUSÃO
A influencia do currículo nessa relação ensino
aprendizagem, como destaca autores e a professora, influencia muito. De acordo
com relatos da entrevistada a sua especialização contribui para desenvolver as
metodologias que usa a compreender os alunos e não somente aplicar um plano.
Ela diz o seguinte: “quero e gosto de esta sempre renovando nas minhas aulas,
acredito que devo ter um plano, acho de máxima importância, mas também acredito
que devo ser flexível nele. Acho que um currículo nacional não se aplica
realmente, pois certas ações não podem ser previstas na sala de aula e na
vivencia com os alunos”. Confessa que como educadora se sente realizada.
Concluímos que muito mais que ensinar a ler escrever
e contar, a função da escola é formar cidadãos críticos prontos para se
relacionarem socialmente e para terem uma profissão, isso é muito mais que um
conceito, mas algo que deve ser professado em nossas escolas. Nesse sentido, não
vemos como isso pode acontecer se não houver a relação de afetividade entre o
professor e aluno, e mais ainda de respeito. Percebemos que as crianças que são
tratadas com respeito e afetividade estão desenvolvendo melhor aprendizagem.
REFERENCIAS
KULLOK, Maisa Gomes Brandão. Relação professor-aluno: contribuição
prática pedagógica. Maisa Gomes Brandão Kullok (org.) – Maceió - Al: Edufal,
2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia
da Autonomia: saberes necessários a prática docente. Ed. Paz e Terra. 1996.
____________. Pedagogia
do Oprimido. Ed. Paz e Terra.
FERRAÇO, Carlos Eduardo. Pesquisa com o cotidiano.
Revista Educação e Sociedade, vol 28, n. 98,p. 73-95, jan/abr.2007.
[1] Aluna da Graduação em Pedagogia
da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -
UERN. Bolsista do Programa Institucional de bolsas de iniciação à Docência –
PIBID/CAPES.
[2] Aluna da graduação em Pedagogia
da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte -
UERN. Bolsista Voluntaria do Programa Institucional de Bolsas de iniciação à
Pesquisa – PIBIC/CNPQ.
[3] Professora Adjunta III da
Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN
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