sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

TRABALHO APRESENTADO NO I SEMAPED


RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: DIÁLOGOS SOBRE O CURRÍCULO PRESCRITO E A PRÁTICA ESCOLAR


Maria Cleonice Soares(UERN – cleonice_s@hotmail.com)[1]
Rayane Carla B. da Silva(UERN - rayane_carlabs@hotmail.com)[2]
Normandia de Farias Mesquita Medeiros(UERN - medeiros_norma@hotmail.com)[3]


RESUMO: Os desafios postos a formação e a prática do professor, no contexto atual, focam, dentre outros aspectos, estabelecer relação entre as propostas curriculares de ensino e as relações entre professor-aluno. Objetiva-se com este trabalho abordar o relacionamento professor-aluno em sala de aula, observando como ocorre na dinâmica do currículo escolar, espaços no qual professores desenvolvem uma tarefa complexa - do ensinar e aprender, exigindo-se também cumprimento do planejamento curricular da escola e ao mesmo tempo lidar com as questões cotidianas de seus alunos. Realizamos a pesquisa em uma escola da rede publica de Mossoró/RN, no intuito de observar a relação do currículo escolar e a interação entre os sujeitos educador e educando. Fundamenta-se os estudos teóricos em autores como Freire (1996); Sacristán e Gómez (1996) Perrenoud (2000) e Pimenta e Libâneo (2006), que abordam questões relevantes sobre o ensino-aprendizagem, a formação do professor e seu lócus formativo. Destaca-se que a relação professor-aluno desenvolve-se no âmbito do currículo prescrito e do currículo oculto. Evidencia-se que a relação entre educador e educando tem uma significância no aprender e no saber desenvolvido pelo aluno, pois a  produção do conhecimento integra-se com o estado de conforto que os alunos tem em relação ao professor que ministra a aula. Concluí-se, portanto que há uma estreita relação entre a assimilação dos conteúdos em consequência da boa relação professor aluno, se o educador supre a necessidade do aluno no que diz respeito a afetividade, ele acaba sendo mais participativo nas aulas.

PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO CONTINUADA; CURRÍCULO ESCOLAR; RELAÇÃO EDUCADOR EDUCANDO.

INTRODUÇÃO

            Em meio aos desafios atuais postos ao professor, destaca-se as propostas curriculares de ensino e as relações entre professor-aluno. Objetivamos abordar o relacionamento professor-aluno em sala de aula, as dificuldades, as interações, as aprendizagens e a afetividade. Relatamos nossa experiência com o tema, este se originou de um trabalho proposto na disciplina currículo que é uma disciplina que visa, desenvolver nos alunos da graduação noções conceituais a respeito do que seja um currículo, como esse se organiza e como é aplicável na escola, evidenciando, com isso as duas vertentes de currículo formal e oculto, um prescrito e o outro que acontece verdadeiramente nas salas de aula.
Percebemos que além de desenvolver o currículo prescrito, os conteúdos, o professor precisa considerar o perfil de seus alunos. Compreendemos que currículo é tudo que acontece na escola, nesse sentido é necessário desenvolver práticas emancipadoras no cotidiano escolar, na sala de aula, envolver e motivar os alunos. FERRAÇO (2007) destaca uma coisa é o currículo considerado uma intenção, um plano ou uma prescrição que nos diz o que deveria ou o que planejamos que ocorra na sala de aula, outro é o que realmente acontece. Portanto o currículo tem de ser entendido como cultura real que surge de processos. Em nosso estudo entendemos que nesses processos esta envolvida a relação professor-aluno.
Observamos que a formação contribui nas ações e práticas do professor, fundamenta e auxilia em as concepções do professor sobre o processo de ensinar e aprender. A formação e a experiência docente, conduz as ações pedagógicas do professor.  Ressaltamos que um professor que dinamiza sua aulas e observa seus alunos tende a melhor reagir diante das situações problemas e organizar o currículo que realmente será desenvolvido com seus alunos,como destaca FERRAÇO (2007), o currículo real.

METODOLOGIA

            Este trabalho emergiu a partir de uma pesquisa empírica desenvolvida junto à disciplina currículo do Curso de Pedagogia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, numa escola da rede básica de ensino, na periferia da cidade de Mossoró- RN, observamos uma turma de 3º ano do ensino fundamental. A professora que entrevistamos é formada em Pedagogia, com especialização em psicologia da aprendizagem (a escolha da mesma ocorreu de forma optativa, sendo que o único critério era que fosse formada em pedagogia). Nos respaldamos principalmente em KULLOK (2002) que fala da relação professor-aluno e sua contribuição a prática pedagógica; FREIRE (1996) que aborda a pedagogia da Autonomia e os saberes necessários a prática docente; e FERRAÇO (2007), que discute o currículo real e o currículo prescrito, oficial no cotidiano da escola.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
          No processo ensino-aprendizagem alunos e professores deparam-se frente a frente e ambos caminham para a construção da aprendizagem visto que alunos e professores interagem entre si e se educam em comunhão (FREIRE, 1996). Percebemos ainda que nessa relação ensino aprendizagem a relevância está na aprendizagem e não propriamente no ensino. É imprescindível a uma boa ação pedagógica que o educador tenha a consciência que muitas vezes em sua aula ele irá se deparar com situações que o currículo prescrito/oficial, não irá dar conta, diante disso é que, acreditamos, ser necessário que o professor use de suas atribuições educacionais para conduzir os alunos a mobilizar seus conhecimentos diante das situações complexas que acontecem no interior da sala de aula e da escola.
          A relação professor-aluno não ocorre de forma isolada, visto que qualquer processo de transformação da realidade escolar deverá ter como um de seus principais elementos constitutivos a valorização do professor e do ato de ensinar, conforme Kullok (2002). Ou seja, é necessário que haja uma relação de valorização mutua, entre professores e alunos, sendo nesta relação que ocorre o processo de transformação da realidade e produção do conhecimento. Segundo Perrenoud, apud, Kullok, 2002, p.10 “ensinar é antes de tudo, fabricar artesanalmente os saberes tornando-os ensináveis, exercitáveis e possíveis de avaliação no quadro de uma turma, de um ano, de um horário, de um sistema de comunicação e de um trabalho”. Tornar os saberes ensináveis implica uma nova forma de conceber a sala de aula que deverá ser não apenas um local de transmissão, mas um espaço de construção de conhecimento. Para que isso ocorra é necessário dar condições para que o professor reveja o seu modo de ensinar e conceber o ensino.
          A Professora entrevistada assinala que é imprescindível que o professor demonstre afeto e compreensão, principalmente, quando a criança se mostra muito agitada, pois é preciso detectar os possíveis problemas que ela possa estar enfrentando. É necessário considerar o contexto social das crianças, claro que o educador não irá adentrar profundamente o lar da criança, mas irá, poderá considerar o contexto social de seus alunos.
          Freire (1996) aponta que o aluno é o agente principal da aprendizagem, ou seja, o aluno é o sujeito e o construtor do processo. Toda aprendizagem encontra-se embasada em um bom relacionamento entre os agentes que participam do processo, ou seja, mas que a relação entre professor e alunos, os colegas de turmas, a classe inteira precisa está em comunhão, o que é um desafio, pois as salas de aula estão abarrotadas de aluno. Sendo os alunos agentes participativos e ativos na construção do conhecimento, a sala de aula precisa ser um espaço de convivência, onde os papeis de professor e aluno fiquem claros, porém, onde a construção do conhecimento ocorra de forma coletiva.  
          No que concerne à aprendizagem o currículo escolar deverá organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que virão a constituir-se nos pilares do conhecimento de acordo com kullok (2002, p. 18).

Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir e sobre o meio envolvente; aprender a viver junto, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; e aprender a ser, via essencial que integra as demais aprendizagens.

          Assim, percebemos, que a formação contribui de maneira significativa ao percurso metodológico das aulas, pois, a professor entrevistada afirma que sua formação continuada, a conduziu a acompanhar o desenvolvimento das crianças e ampliou sua compreensão sobre o processo de ensino e aprendizagem.  A aula deve ser considerada como vivencia, isto quer dizer que as abordagens no decorrer da aula, devem considerar a realidade dos alunos. Para que o alunos cheguem a construção do conhecimento é necessário  considerar o nível de desenvolvimento cognitivo do aluno, respeitar o processo de aprendizagem de cada aluno, oferecer condições para que cada aluno, possa superar suas dificuldades, para isso o educador deve está atento as alterações de comportamento.

É preciso transformar a vida da sala de aula e da escola, de modo que possam vivenciar-se as práticas sociais e intercâmbios acadêmicos e que introduzam a solidariedade, à colaboração, a experimentação compartilhada, assim como a outro tipo de relações com o conhecimento e a cultura que estimulem a busca, o contraste, a critica, a iniciativa e a criação (Sacristán e Gómez, apud, Kullok, 2002, p. 16).

          Ao valorar o desenvolvimento das relações sociais, entendemos que o fundamental é criar uma interação entre aquele que ensina e aquele que aprende.       Kullok (2002, p. 17) afirma que o professor ao ter um “currículo voltado mais para o aprender a aprender, os professores precisaram estar preparados para está prática que exigira uma nova postura frente ao aluno e ao conhecimento”, ou seja, sempre que houver necessidade a metodologia do ensino será modificada em função do conhecimento. 
No decorrer de suas aulas, a professora investigada, usava como recurso metodológico o método mutuo e o individual, no qual os alunos realizam as atividades de sala e ainda se aproximam, chegam a mesa da professora para ler a lição passada. Diariamente a docente trabalha com o momento da leitura. Ela acredita que isso ajuda e estimula as crianças a se interessarem pela leitura, pois enfrenta, com algumas crianças dificuldades de apreensão da leitura, por isso acha importante que haja esse espaço onde a leitura seja priorizada. Sobre a relação professor-aluno, a educadora entrevistada disse que por passar tanto tempo com o aluno acaba por criar uma relação de afetividade.
Contanto, a professora deixa claro que há uma grande diferença entre a teoria e a prática, há também uma diferença entre o que esta estabelecido no currículo e o que ocorre realmente na sala de aula.  Trabalha de acordo com o plano estabelecido, porém sempre ministra a aula de acordo com as necessidades dos alunos.

CONCLUSÃO

A influencia do currículo nessa relação ensino aprendizagem, como destaca autores e a professora, influencia muito. De acordo com relatos da entrevistada a sua especialização contribui para desenvolver as metodologias que usa a compreender os alunos e não somente aplicar um plano. Ela diz o seguinte: “quero e gosto de esta sempre renovando nas minhas aulas, acredito que devo ter um plano, acho de máxima importância, mas também acredito que devo ser flexível nele. Acho que um currículo nacional não se aplica realmente, pois certas ações não podem ser previstas na sala de aula e na vivencia com os alunos”. Confessa que como educadora se sente realizada.
Concluímos que muito mais que ensinar a ler escrever e contar, a função da escola é formar cidadãos críticos prontos para se relacionarem socialmente e para terem uma profissão, isso é muito mais que um conceito, mas algo que deve ser professado em nossas escolas. Nesse sentido, não vemos como isso pode acontecer se não houver a relação de afetividade entre o professor e aluno, e mais ainda de respeito. Percebemos que as crianças que são tratadas com respeito e afetividade estão desenvolvendo melhor aprendizagem.

REFERENCIAS

KULLOK, Maisa Gomes Brandão. Relação professor-aluno: contribuição prática pedagógica. Maisa Gomes Brandão Kullok (org.) – Maceió - Al: Edufal, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática docente. Ed. Paz e Terra. 1996.
____________. Pedagogia do Oprimido. Ed. Paz e Terra.
FERRAÇO, Carlos Eduardo. Pesquisa com o cotidiano. Revista Educação e Sociedade, vol 28, n. 98,p. 73-95, jan/abr.2007.



[1] Aluna da Graduação em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Bolsista do Programa Institucional de bolsas de iniciação à Docência – PIBID/CAPES.
[2] Aluna da graduação em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN. Bolsista Voluntaria do Programa Institucional de Bolsas de iniciação à Pesquisa – PIBIC/CNPQ.
[3] Professora Adjunta III da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte - UERN

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