sexta-feira, 2 de novembro de 2012

TRABALHO ACEITO E PUBLICADO NO II SEMIDIS II SEVILES EM LORENA SP


ESCOLA: ESPAÇO DE MEDIAÇÃO E REFLEXÃO PARA UMA CULTURA DE PAZ
                                                                      Maria Gilvânia de Araujo Peixoto
Sílvia Maria Costa Barbosa


Resumo
O presente relato faz parte do trabalho desenvolvido na Escola Estadual Dom Jaime Câmara, que faz parte da Rede Pública Estadual de Ensino da cidade de Mossoró, RN e apresenta como eixo principal o papel da Escola e a diversidade Cultural da sua comunidade. O referido projeto foi desenvolvido mediante articulações da equipe de gestão escolar, ou seja, professor, coordenadora pedagógica e direção, enquanto promotora de espaços de reflexão e mediação de conflitos que fazem parte do cotidiano escolar e inerente a todos os seres humanos. Este trabalho caracteriza-se em linhas gerais pelas reflexões realizadas a partir da realidade escolar, a necessidade de se promover nas instituições educacionais projetos voltados à promoção de uma Cultura de Paz e Tolerância, apresentando estratégias e ações que buscam essa integração. Os principais objetivos do projeto foram promover a gestão democrática na escola, valorizando a participação da comunidade escolar e local, assegurando o ingresso à permanência e o sucesso do aluno na escola, evitando a exclusão e possibilitando-lhe a apropriação e a produção do conhecimento significante. A construção da Cultura de paz passa por transformações na qualidade das relações sociais, portanto para efetivá-la no âmbito escolar de maneira significativa, sem exclusão, discriminação ou supervalorização da capacidade intelectual, ressalta-se a necessária mudança de paradigma, pela interação e interlocução com o outro e de ações concretas e confrontando as diferentes leituras do mundo real. Em nossa equipe de trabalho temos sempre em mente as palavras de Freire: “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria” (1996, p 16), portanto seguimos na busca de maior qualidade em nossas relações pessoais e profissionais com ânimo, vontade e cada dia mais acreditando em uma sociedade mais justa para todos que dela fazem parte.

Palavras chave: Educação para a Paz. Tolerância. Conflitos. Práticas e desafios da Aprendizagem.



Abstract

This report is part of the work in the State School Board Don Jaime, who is part of the State Public Education Network City Mossoró, RN and has as its main role of the school and their community's cultural diversity. This project was developed through the joint management team, school, or teacher, educational coordinator and direction, as a promoter of spaces for reflection and mediation of conflicts that are part of everyday school life and inherent to all human beings. This work is characterized in general by reflections taken from the school reality, the need to promote educational institutions in projects aimed at promoting a Culture of Peace and Tolerance, presenting strategies and actions aimed at such integration. The main project objectives were to promote democratic management in school, valuing the participation of the school and local community, ensuring the entry, residence and student success in school, avoiding exclusion and allowing him the ownership and production of knowledge significantly. Building the Culture of peace goes through changes in the quality of social relations, so to make it effective in the school significantly, without exclusion, discrimination or overvaluation of intellectual ability, it emphasizes the necessary paradigm shift, interaction and dialogue with each other and concrete actions and comparing the different readings of the real world. In our team we have in mind the words of Freire: "The joy comes not only against the finding, but part of the search process. And teaching and learning can not take off in demand outside the prettiness and joy "(1996, p 16), so we followed in pursuit of higher quality in our personal and professional relationships with courage, will and increasingly believing a fairer society for all who belong to her.

 Keywords: Education for Peace Tolerance. Conflict. Practices and challenges of learning.


 1-INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é mostrar a importância do trabalho sobre valores e atitudes dentro das escolas para que possamos propagar a Cultura de Paz. Isto só é possível através de atividades que envolvam toda a escola e também a comunidade escolar. A escolha deste tema foi feita por acreditarmos que a Educação para a Paz é de fundamental importância na formação continuada de professores e consequentemente na formação para os alunos, já que no dia a dia da sala de aula, muitas vezes entramos em conflito com esses que têm atitudes indesejadas quando dizem de forma agressiva: “Não quero fazer, não vou fazer”. Outros não respeitam os colegas, o que desencadeia os casos de Bullying em sala de aula e na escola tornando muitas vezes as agressões frequentes. Sem levar em conta que isso tudo tem cunho social e familiar, tendo influência direta sobre estas ações. Em linhas gerais este trabalho se caracteriza pelas reflexões realizadas a partir da realidade escolar, oportuniza a discussão da necessidade e a viabilidade de se promover a instituição escolar projetos voltados para uma Cultura de Paz e Tolerância, apresentando estratégias e ações globais que visam garantir que direitos e deveres de todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem sejam respeitados, bem como a diversidade cultural e humana existente na comunidade a qual a escola encontra-se inserida, assumindo uma posição utópica diante desta.
Além disso, nossas escolas utilizam como teórico norteador Paulo Freire, mas não oferecem atividades que interligam escola e realidade. Os livros didáticos continuam sendo as únicas fontes para o preparo de aulas e essas são planejadas muitas das vezes desvinculadas dos interesses dos alunos. Pouco se tem feito para superação deste problema. Nas escolas, há também muitos problemas devido à falta de harmonia entre os alunos e os conteúdos programáticos.
De acordo com Milani e Guimarães (2004) a construção da Cultura de Paz passa por transformações na qualidade das relações sociais, portanto para se efetivar como objetivo, no âmbito escolar uma cultura de paz e tolerância de maneira significativa, sem exclusão, discriminação ou supervalorização da capacidade intelectual, ressalta-se que é somente a partir de uma mudança de paradigma, pela interação e interlocução com o outro, e de ações concretas sendo confrontados  as diferentes leituras do mundo real é que alcançaremos esse objetivo.
Em relação à mudança de paradigma acima citado, a tarefa da escola e de todos que nela atuam de alguma forma, é muito complexa, implica em participação como construtores de caráter, de personalidade e consciência coletiva, espaços de reflexão contínua que deve ser acompanhada por uma dinâmica coerente com este processo de transformação, ressaltando o que diz Behrens em que:

A educação tem papel relevante nesse movimento de reconstrução, pois precisa propiciar meios para soterrar o paradigma conservador vigente e com ele o processo de injustiça, a visão individualista e competitiva, a violência e o desrespeito aos direitos humanos. (2006, p.16).


Nesta perspectiva, a gestão escolar visa à construção de uma escola que busca a formação articulada e globalizada, com visão de totalidade e fundada em uma educação transformadora da realidade social de mundo.
Esse processo de transformação no interior da unidade escolar deve reforçar o coletivo no contexto social mais amplo e vice-versa e, cabe a equipe de gestão o papel da mediação e ao comprometimento de todos para efetivação de uma proposta de superação dos problemas hoje existentes em nossa comunidade escolar.


2- DIVERSIDADE CULTURAL NO CONTEXTO ESCOLAR


Ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa sozinho. Os homens  se  educam  em  comunhão  mediados pelo mundo. (Paulo Freire)


A referida escola em discussão está situada na periferia da zona urbana da cidade de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, na rua Aurora, bairro Costa e Silva, funciona em dois turnos e apresenta uma grande diversidade social.
A comunidade escolar é composta por 250 alunos, nos períodos matutinos e vespertinos, distribuídos em oito turmas na primeira fase do ensino fundamental.
A escola atende famílias que em sua maioria tem um rendimento mensal de um salário mínimo, possui cerca de 170 alunos que são atendidos pelo programa Bolsa Escola. A comunidade escolar apresenta um número significativo de pais que não concluíram a primeira fase do Ensino Fundamental. O índice de analfabetismo no entorno escolar é considerado grande.
Pela baixa escolaridade, muitos pais e responsáveis, sentem dificuldades em  acompanhar e auxiliar os filhos na realização das tarefas escolares. Ressaltamos que a escola incentiva para que os mesmos iniciem ou retomem seus estudos, já que no bairro tem uma escola que possui EJA (Educação de Jovens e Adultos), tendo um papel significativo quanto ao resgate da autoestima dos pais e responsáveis dos alunos.
A área construída em que a escola está situada não possui espaços de lazer específico, portanto as crianças realizam suas atividades recreativas no pátio ou nas áreas em torno da escola surgindo dessa forma a necessidade de um trabalho de parceria e conscientização para evitar a má utilização e depredação do patrimônio público, pois como diz Freire “ os homens enquanto “seres-em-situação” encontram-se submersos em condições espaços-temporais que influenciam neles e nas quais eles igualmente influem” (1979, p.19).
Esta instituição realiza ainda intercâmbio com outras instituições municipais como o CRAS (Coordenadoria Regional de Assistência Social), com a UERN  (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte), com o posto de saúde do bairro, com a igreja católica e várias igrejas evangélicas e associação de moradores.
Desta forma ressaltamos que a comunidade se faz presente nos eventos realizados pela escola e existe um elo de respeito mútuo, diálogo, valorização e bom relacionamento entre todos os envolvidos no processo de ensino aprendizagem, bem como entre escola-família-comunidade, pois, segundo Freire:


É preciso que a educação esteja – em seu conteúdo, (...) adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homem chegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo, estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade. Fazer a cultura e a história(1979, p. 21)


Quanto aos recursos humanos a escola possui em seu quadro de funcionários uma diretora, uma coordenadora pedagógica, oito professores, duas secretárias, duas bibliotecárias, duas merendeiras e quatro auxiliares de serviço gerais. Quanto à formação acadêmica dos mesmos, três possuem especialização, treze graduação, e quatro com ensino fundamental e médio.
Apesar de possuir na escola uma equipe de profissionais com formação acadêmica privilegiada se comparada a outras localidades, levando em conta que “ninguém nasce educador ou marcado para ser educador. A gente se faz educador, a gente se forma, como educador, permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática” (FREIRE, 1991, p. 58), prioriza-se nesta instituição a formação continuada como espaço de ação-reflexão-ação, na busca de qualificação humano para o desenvolvimento de ações concretas no cotidiano escolar que venha contribuir com a formação de uma cultura de paz no interior desta e da comunidade a qual se encontra inserida. “A função e a estrutura da escola, enquanto instituição com objetivos “que planeja” suas intervenções e que possui profissionais com formação para melhor/conduzir/facilitar a educação de crianças/adolescentes torna-se cada vez mais importante no mundo atual”. (KOEHLER, 2005, p. 38)           


3- ESTRATÉGIAS E REFLEXÕES SOBRE AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS E SOCIAIS


O presente projeto justifica-se pelos problemas envolvendo a violência que perpassa a sociedade de um modo geral. Entre as instituições, especificamente, a instituição escolar, por atuar diretamente com a formação de sujeitos não se encontra protegida.
A instituição escolar passa frequentemente por situações de conflitos que envolvem alunos e seus familiares, professores, funcionários e todos os envolvidos no processo ensino aprendizagem.
Sentimos, hoje, uma necessidade muito grande de discutir e resignificar nossos conceitos no que se refere à Educação em Valores Humanos, voltada para a mediação de conflitos e com uma perspectiva de não violência e tolerância.
Atualmente, vivemos em uma sociedade que infelizmente é norteada historicamente por uma distorção de valores éticos, de discriminação, de preconceitos, de conflitos pelas desigualdades sociais, econômicos e culturais existentes, levando os seres humanos, desprovidos de uma consciência de valores a produzirem e praticarem atos muitas vezes de extrema violência contra os seus semelhantes e contra si mesmos.
Segundo Freire (FREIRE, 2006, p. 388), “a paz se cria, se constrói na construção incessante da justiça social”, portanto conhecer a comunidade na qual está inserida, para que possamos atuar enquanto educadores interagimos,  com os alunos, pais e outros nos auxiliam, no sentido da percepção das reais condições e dos possíveis por quês de determinados conflitos, buscando conscientizar os envolvidos nestes e levá-los a perceber que é através do diálogo, da colaboração mútua, da tolerância e da solidariedade, valores intrínsecos a todos os seres humanos, que podemos encontrar e construir uma Cultura de paz.
Ressalta-se que a violência é um fenômeno histórico-social construído em sociedade, enfatiza-se a necessidade, de se desenvolver um trabalho de ação-reflexão-ação ativa desde muito cedo nas escolas, pois são as crianças que representam o nosso futuro e somente através de uma formação sólida que discutam valores, atitudes e possibilitem ajudar na construção de uma sociedade mais justa para todos.
Assim, partimos de um enfoque pedagógico baseado em uma cultura de paz, na qual priorizamos as relações de respeito mútuo, afeto e o diálogo como mediador de conflitos, deixando de lado o padrão da competitividade e da individualidade tão forte e presente em nossos dias.
A escola por sua especificidade tem o dever de desenvolver práticas de reflexão e de conscientização a partir de situações e atitudes reais do dia-a-dia, que levem as crianças e adolescentes e a comunidade em geral a observar que a violência deve deixar de existir, interferindo nestas e resgatando a paz enquanto valor em todas as dimensões da vida humana. Portanto o ambiente escolar não é somente um lugar de transmissão de conhecimentos, mas também espaço de proteção, que interfere diretamente na comunidade que está inserida. “A Escola configura-se enquanto local estratégico, pois tem diretamente influência sobre toda a comunidade do seu  entorno.(KOHELER, 2002, p.37)
No cotidiano de uma instituição escolar, sua clientela passa por diversas situações de conflito, visto que, uma diversidade de contextos sócio-histórico-culturais encontra-se em seu interior.
São diferentes histórias de vidas reais que cada educador passa a conviver. Cabe aos profissionais que na escola atuam fazer a mediação de conflitos e a retomada de valores muitas vezes esquecidos. Isso se torna possível através do contato, do atendimento e da orientação aos pais quanto à educação de seus filhos, sendo o principal meio de transformação de uma cultura e de uma sociedade.
A escola enquanto instituição consciente e crítica do seu dever na construção de uma educação de equidade, deve constantemente inovar, qualificar e avaliar criticamente seus projetos, voltados sempre a atender às necessidades de sua comunidade escolar e agir intencionalmente, sem omissão diante de fatos relevantes de violência que ocorrem na mesma.
Casos de famílias desestruturadas, onde a criança passa por situações de violência ou  maus-tratos, via de regra, tem consequências em diversos âmbitos da sua vida. Uma delas é em relação ao processo de ensino aprendizagem, onde muitas vezes passa a encontrar dificuldades.
Cabe, portanto, a Escola configurar-se enquanto local estratégico, pois tem diretamente influência sobre toda a comunidade do seu entorno, à escola enquanto mediadora e orientadora intervir muitas vezes nessas famílias e orientá-las para a busca da superação destes conflitos, pois,”o fenômenos da violência transcende a mera conduta individual e se converte em um processo interpessoal,por afetar pelo menos dois protagonistas: aquele que a exerce e aquele que a sofre (...) quem a contempla sem poder ou sem querer evitá-la. (FERNÁNDEZS, 2005, p. 25)
A escola deve privilegiar o exercício do diálogo como forma de resolver pequenos conflitos e de ajustar pontos de vista distintos. Ao negociar, no grupo, a adequação do seu ponto de vista, crianças e adolescentes tomam contato com outras formas de pensar, de sentir e de agir, levando-os a relativizarem seu próprio pensamento acerca dos problemas em questão, desenvolvendo o espírito de cooperação e de solidariedade entre eles mediante fortalecimento de atitudes de respeito ao colega e ao bem comum.
A tarefa de educar para os direitos humanos impõe à escola processos de qualificação de seu corpo docente. Isto porque, a realização de projetos educativos em direitos humanos supõe um conjunto de ações de natureza crítica e criativa, capazes de desencadear uma reflexão sobre a realidade existente, com o objetivo de ressignificá-la, recriá-la e reinventá-la na direção da construção de processos humanizadores de emancipação, empoderamento e autonomia dos sujeitos envolvidos.
Para tanto, faz-se necessário investimentos na formação do professor de modo a garantir que sejam contempladas as dimensões da complexidade e da diversidade intrínseca ao processo de educar dando valores sólidos, para tornar efetiva a cultura escolar que tem como princípio norteador a educação para os Direitos Humanos é fundamental que o educador seja um agente promotor e disseminador desta cultura de paz.
Percebe-se que são cada vez mais difíceis os relacionamentos, o respeito e o convívio, onde a agressividade e a violência acabam sendo normais, com pais e filhos que mutuamente não se respeitam e valores como solidariedade, paz e amizade não são mais transmitidos no contexto familiar, instaurando a lei daquele que é mais forte.
A escola, no desenvolvimento de sua função social de formação do cidadão, deve favorecer o clima de respeito à diversidade e de tolerância, exercitar práticas democráticas, dialogar com os educandos, levar em consideração as formas de pensar, agir e sentir – elementos imprescindíveis ao bom desempenho do professor que vise construir uma cultura de paz no ambiente escolar.


 4- UM POUCO DO PROJETO


O presente projeto visa assegurar o trabalho conjunto e eficaz da equipe gestora da escola, com professores, funcionários, alunos, pais e toda a comunidade escolar, promovendo a melhoria do processo de ensino aprendizagem.
O cidadão deve construir uma sociedade de bem, com respeito aos seus direitos, aos deveres e à integridade de cada ser no grupo social a que pertence, baseados em uma cultura de paz, tolerância e não violência.
O projeto foi desenvolvido através do trabalho intencional e sistemático no interior da escola e de suas proximidades, com questionamentos, diálogos e ações concretas que envolveram a participação efetiva de todos os alunos, professores, funcionários e famílias dos mesmos.
As atividades foram realizadas semanalmente pelos professores em sala de aula e compartilhadas com toda a escola.
Os principais objetivos do projeto foram promover a gestão democrática, valorizando a participação da comunidade escolar, assegurando, desta forma, o ingresso, à permanência e o sucesso do aluno na escola, evitando a exclusão da criança e possibilitando-lhe a apropriação e a produção do conhecimento acumulado e produzido historicamente. Foi estabelecido parcerias com outros profissionais e instituições que vieram contribuir e somar com a realização do Projeto Educação para a Paz, proporcionando momentos para a formação e diálogo dos profissionais da escola na busca de possíveis soluções aos conflitos existentes e o planejamento de ações conjuntas.
Buscamos no decorrer do projeto realizar um trabalho de integração entre a escola, a família e a comunidade, ampliando o envolvimento destes nas ações realizadas pela escola, através de visitas domiciliares para conhecer a realidade em que os alunos encontravam-se inseridos. Com objetivo de orientação aos pais, promovendo reuniões com os mesmos e a comunidade em geral, para a discussão de temas importantes sobre a educação dos filhos e outros temas relevantes e pertinentes, envolvendo a educação para a paz e tolerância.
Através de discussões destes temas buscamos proporcionar espaços de reflexão, mediação de conflitos, uma educação de qualidade, e diálogo, pois como diz Freire “tão importante quanto o ensino dos conteúdos é a minha coerência entre o que digo, o que escrevo e o que faço”(1996, p.162). Desta forma, valorizando opiniões e respeitando pontos de vista diferentes aos nossos, exercitamos a tolerância e a amorosidade.
Houve durante todo o desenvolvimento do projeto, o estímulo a novas produções dos alunos, dos professores e de todos que de alguma forma estavam na escola. Ressaltamos o desenvolvimento do trabalho em equipe, visando estimular a cooperação, a participação, a criatividade e a resolução de conflitos existentes no cotidiano de sala de aula, bem como, o incentivo a produção de novas atividades, no que se refere à educação para a paz com a elaboração de projetos individuais por turmas existentes na escola, dentro das necessidades reais que envolvem as mesmas.
As atividades foram desenvolvidas com os alunos do ensino fundamental. Que teve seu primeiro momento, no laboratório de informática usando o PowerPoint. Foram apresentados slides com imagens e textos enfocando vários tipos de violências e como se viver uma Cultura de Paz. Trabalhamos leitura de imagens, leitura e questionamentos de textos, músicas e poesias. 
No segundo momento, foram trabalhados redações com o tema: “Pratique a paz”.Os produtos didáticos realizados pelos alunos aconteceram da seguinte forma:

<!--[if !supportLists]-->·         <!--[endif]-->Desenhos: Relacionados com o tema, PAZ - apresentados pelos alunos dos 1º anos A e B (Matutino)
<!--[if !supportLists]-->·         <!--[endif]-->Redações: Envolvendo o tema – apresentados  pelos alunos dos 2º ano A e B (Matutino)
<!--[if !supportLists]-->·         <!--[endif]-->Dança: Retratou a paz e a desigualdade social. – apresentadas pelos alunos do 3º ano (Vespertino)
<!--[if !supportLists]-->·         <!--[endif]-->Peças de Teatro: Violência contra a criança. – apresentadas  pelos alunos dos 4º ano A e B (vespertino)
<!--[if !supportLists]-->·         <!--[endif]-->Poesia e paródias: Produção dos alunos do 5º ano – (vespertino)

Segundo Freire, “o professor que não leva a sério sua formação, que não estude,  que não se esforce para está à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe.”(1997, p. 102), para tanto, reunimos periodicamente a equipe escolar com o intuito de discutir sobre o projeto, definir ações e os papéis de cada um, bem como as atividades e ações que serão desenvolvidas em um processo de conscientização e responsabilidade.
A escola sempre que percebe a necessidade faz atendimento individualizado aos pais e visitas domiciliares com o intuito de orientar sobre problemas e conflitos existentes no cotidiano familiar e que de alguma forma interfere no processo ensino aprendizagem bem como nas atitudes das crianças no dia a dia escolar.
No terceiro momento aconteceu um círculo de palestras que se deu em parceria com a universidade que trouxe profissionais especializados para dar palestras abordando temas relevantes à educação das crianças e que a maioria dos pais tem dificuldades para abordar, estas palestras tiveram como temas principais: Educação no mundo atual; amor e segurança Alicerce de um desenvolvimento sadio; Mãe esposa e mulher; O pai e o exercício da paternidade; A maturidade dos pais na vivência familiar; Ação educativa na adolescência; Sexualidade Humana; Drogas, entre outras. Ao final do círculo de palestras, os pais e participantes dos encontros, recebem certificados de participação que é de extrema importância para os mesmo.
Hoje estamos abordando temas diferenciados em cada sala vista a necessidade do momento observada por cada professor e elaborados a partir da realidade de sua turma. Temas como cooperação, respeito, honestidade, amizade, disciplina, tolerância, generosidade, dignidade, trabalho entre outros valores humanos.


5- CONSIDERAÇÕES FINAIS


De Tudo, ficaram três coisas: A certeza de que estamos sempre começando. A certeza de que precisamos continuar. A certeza de que seremos interrompidos antes de terminar. Portanto, devemos: Fazer da interrupção um caminho novo. Da queda um passo de dança. Do medo, uma escada, do sonho, uma  ponte. Da procura, um encontro... (Fernando Sabino)


No transcurso deste projeto, podemos observar na comunidade escolar uma mudança significativa no que se refere às atitudes dos alunos. Atitudes chamadas por nós professores desrespeitosas e que muitas vezes agrediam tanto aos colegas como a nós educadores.
A partir dos estudos e das reflexões realizadas a respeito dos valores humanos em uma perspectiva de educação para paz e tolerância todos os envolvidos de alguma forma, passaram a refletir mais sobre suas ações bem como sobre as consequências das mesmas, medindo palavras e buscando através do diálogo coerente resolver conflitos que são próprios do cotidiano escolar e dos seres humanos, a partir da vivência de grupo.
A mediação destes conflitos tornou-se mais fácil, já que os objetivos propostos foram levantados em parceria, professor/aluno/família, coautores de uma educação baseada no respeito mútuo, estes passam a ter maior significado.
Na formação continuada das professoras, possibilitou-se espaços de reflexão puderam através da troca de experiências realizadas com os demais integrantes do grupo. A partir das discussões observamos que a violência e os conflitos fazem parte integrante da sociedade vigente e que hoje tem se caracterizado como próprias do ser humano presente em todos os locais, independentes de classe social, em maior ou menor intensidade, cabendo a cada um de nós fazer a sua parte para sanar, amenizar e refletir sobre isso com os alunos, comunidade escolar e família.
Em nossa equipe de trabalho, temos sempre em mente as palavras de Paulo Freire: “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria” (FREIRE, 1996, p. 160), portanto seguimos na busca de maior qualidade em nossas relações pessoais e profissionais com ânimo e vontade e cada dia mais acreditando em uma sociedade mais justa para todos que dela fazem parte.
Ao falarmos de Cultura de Paz, não se trata, necessariamente, de abraçar uma proposta salvadora dentre as muitas existentes, mas sim, estabelecer um caminho onde cada professor possa, a partir de sua reflexão pessoal sobre valores e conduta, inserir estes aspectos de forma verdadeira em sala de aula.
Com esse projeto passamos a entender que em educação é antes de tudo aprender a conviver e aprender a ser, sendo estas duas dimensões diferentes que aos poucos tem sido introduzida em nossa escola. Assim, vislumbramos compreender o “conviver”, a partir do “ser”, do ser humano em todos os aspectos.
Compreendemos que o princípio básico para uma Cultura de Paz é buscarmos itens básicos e fundamentais para que todos os que são responsáveis pela educação possa pensar em uma escola onde uma cultura de paz possa ser estabelecida em uma relação de medidas em que o amor, a humildade, o gosto pela vida e o trabalho, e consequentemente, abertura ao novo. Através destes princípios, podemos pôr em práticas diárias com os alunos, atitudes de respeito, onde o ponto de vista de cada um fosse respeitado. Com isso, procuramos plantar uma semente de paz nos corações dos nossos alunos e familiares.
Do exposto, encontramos uma grande verdade, que de fato, vem dominar nossa área específica de conhecimento e que é ponto central, com suas técnicas e metodologias apropriadas, porém, isso só já não basta, já que, a educação hoje, tem que ser vista como um encontro afetivo, de amor e crescimento humano para os envolvidos na tarefa de bem educar, e que acreditam sempre que as mudanças estão em cada um de nós e que se pensamos e queremos paz, temos que começar a exercitar em nossa própria vida, em nossa família, escola e sala de aula, para conseguirmos o nosso objetivo de uma cultura de paz e não violência.


 REFERÊNCIAS


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FREIRE, Ana Maria Araújo. Educação para a paz segundo Paulo Freire. Porto Alegre – RS, ano XXIX, n 2 (59), p. 387 – 393, Maio/Ago, 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FREIRE, Paulo. Teoria e Prática da Liberdade: Uma Introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

JARES, Xesús R. Educação para a paz: sua teoria e sua prática. Porto Alegre: Artmed, 2002.

KOEHLER, Sonia Maria F.Debate: Violência, Mediação e Convivência Escolar. Boletim 23. p. 32 - 41 / Novembro de 2005

MORAES, Maria Cândida; TORRE, Saturnino de la. Sentipensar: fundamentos e estratégias para reencantar a educação. Petrópolis - RJ: Vozes, 2004.
VALE, Maria José; JORGE, Sonia Gonçalves; BENEDETTI, Sandra. Paulo Freire – educar para transforma: almanaque histórico. São Paulo: Mercado Cultural, 2005

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Competência Docente na Perspectiva de Paulo Freire. Revista de Educação AEC n. 143 (abril-junho de 2007) p. 66-78

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