terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Resumo expandido Publicado no II Encontro do PIBID na UFERSA

PIBID PEDAGOGIA: DIÁLOGOS PARA CONSTRUÇÃO DE UM SABER/FAZER DOCENTE
Ana Glícia de Souza Medeiros
Maria Cleonice Soares
Kátia Dayana de Avelino Azevedo²

O presente trabalho objetiva abordar os procedimentos teórico-metodológicos iniciais, que subsidiaram a trajetória do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) no curso de pedagogia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN em duas Escolas Estaduais do Município de Mossoró- RN. A metodologia utilizada neste estudo foi de base empírica nas observações realizadas nas escolas, pesquisa bibliográfica, questionários e estudos e discussões em grupo. Para o embasamento nos remetemos aos estudos de FREIRE (1996) que retrata a importância da reflexão sobre a ação da prática docente; TRERRIEN (2007) e seus estudos sobre a transposição didática e sua fundamentabilidade no processo educativo; ZABALA(1998) e OLIVEIRA e CHADWICK (2002) que retratam de maneira clara e objetiva a relevância da sequência didática e de conteúdo com base nos planejamentos didáticos; PERRENOUD (2000) com as dez novas competências para ensinar; e por fim MORIN (2003) Os sete saberes necessários à educação do futuro. Os resultados obtidos através dessa experiência foram relevantes para o processo de autoformação profissional docente e identificação com o campo de atuação. Consideramos que o contato dialogado entre a Universidade e a Escola nessa troca de saberes e fazeres pode possibilitar avanços no que se refere ao processo de ensino/aprendizagem dos alunos da rede pública de ensino, garantindo que seus níveis de desenvolvimento sejam superados a cada dia.

PALAVRAS-CHAVE: Práticas Pedagógicas; Profissão Docente; Processo ensino/aprendizagem. 


CONSIDERAÇÕES INICIAIS

            A educação propõe inúmeros questionamentos nos seus mais diversos setores, sejam eles administrativos ou didáticos pedagógicos, no entanto, esse conflito em busca de respostas, só se torna possível por meio do contato direto com as instituições de ensino.
            A implementação de mecanismos de ação no âmbito escolar, tem se tornado ultimamente uma urgência no que concernem as contribuições no processo ensino aprendizagem das Escolas Públicas. O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) implementado esse ano no curso de pedagogia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) vem debatendo e propiciando experiências teóricas e práticas para aproximar os licenciandos de sua área profissional (a docente).
            O contato com as Escolas Públicas conveniadas ao Programa supracitado tem contribuído para que se compreenda em toda a essência a formação de todo o corpo das Instituições e principalmente para que possam ser articulados meios pra sua ascensão no processo de ensino aprendizagem dos alunos. A começar pela revitalização do Projeto Político Pedagógico (PPP) que fora sugerido pelas professoras supervisoras que se fazem representantes destas (Instituições) e que de certo modo julgaram ser esta a primeira etapa de conhecimento e troca de conhecimento entre escola/licenciandos/universidade.


A TRAJETÓRIA DO PIBID PEDAGOGIA 

O PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação da Docência) possui várias propostas em seu contexto. Uma delas é mostrar uma aproximação maior entre a realidade escolar, e como podem os futuros pedagogos rever suas teorias para melhorar as práticas como docentes. Outro ponto importante que vem sendo discutido pelo mesmo é o papel relevante da formação continuada de professores no processo ensino/aprendizagem. Que se faz elementar para na vida acadêmica de licenciandos especialmente os pedagogos. É interessante que a pesquisa por novas práticas ou até mesmo novos conceitos possam trazer melhorias para o processo educativo dos alunos. Therrien (2007) diz que:

O trabalho docente significa a práxis de um sujeito transformador (professor) em interação situada com o outro sujeito (o aluno), onde a produção e saberes e a mediação de significados caracterizam e direcionam o processo de comunicação/entendimento entre ambos. Em outros termos o trabalho docente é um processo educativo de instrução e formação humana, através da mediação e interação entre professor e alunos a partir dos conteúdos de ensino.

A partir desses aspectos ligados a interação do professor aluno para ampliarem as formas de ensino e de aprendizagem o PIBID vem buscando conhecer a fundo os problemas que geram dificuldades no processo de aprendizagem dos alunos e quais fatores impede as escolas avançarem nos índices de desenvolvimento e de suas metas. Para tanto, os bolsistas do Programa, percebem nas atividades Pibidianas um ambiente formador, que tem como função possibilitar oportunidades de se estabelecer um contato maior com a área educacional e seus conflitos. Sobre essas questões FREIRE (1996, p. 38) diz que: "A prática docente crítica implicante de pensar certo, envolve o movimento dialético, dinâmico entre o fazer e o pensar sobre fazer". 
Nesse sentido, segundo o autor supracitado, é refletindo a prática de hoje que pode-se melhorar as  práticas pedagógicas dos educadores . E de modo a exercer a docência com mais segurança, tornando-se educadores críticos reflexivos, contribuindo com os valores das escolas e dos alunos. 
 Perrenoud (2000) ressalta a importância de os professores terem uma formação que lhes permita analisar as vivências da formação, apropriar-se delas e reelaborá-las para sua própria prática. O autor supracitado, afirma que uma situação de aprendizagem não ocorre ao acaso e é engendrado por um dispositivo que coloca os alunos diante de uma tarefa a ser realizada, um projeto a fazer, um problema a resolver. Assim entende-se que no PIBID as alunas terão a oportunidade de vivenciar a prática pedagógica durante a sua formação como também a possibilidade de investigar as situações de aprendizagem no espaço onde ela acontece.
Por isso compreende-se que a construção do conhecimento ocorre em conjunto, onde o professor é o mediador, que cria situações de aprendizagem, dando auxilio ao aluno, não sendo o detentor do saber, mas criando possibilidades para que a aprendizagem ocorra, Freire (1996). Pois ainda segundo Perrenoud (2000, p.36) a competência profissional consiste na busca de um amplo repertorio de dispositivos e de sequências na sua adaptação ou construção, bem como a identificação, com tanta perspicácia quanto possível, que eles mobilizam e ensinam.


INSTRUMENTOS DE PESQUISA DO PIBID: UMA REFLEXÃO ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA 

Com relação aos instrumentos diagnósticos construídos pelo grupo de bolsistas para serem aplicados nas instituições vinculadas ao Programa, teve como objetivo principal identificar problemas relacionados aos: saberes e comportamento dos alunos, estrutura, funcionamento e organização da equipe escolar, onde através desses pode-se encontrar elementos para revitalização do PPP’s das Escolas, assim como desenvolver estratégias para minimizar os fatores que impedem que à escola avance no processo de ensino e de aprendizagem. 
Na elaboração dos instrumentos houve uma grande preocupação em rever diversos componentes que constituem as Escolas e a educação dos alunos. Tais como: A questão financeira das escolas, onde se elaborou questionários a cerca de como eram administrados os recursos e como se davam a sua aplicação para benefício das instituições.
Outro ponto analisado pelo grupo foi a respeito da Estrutura Física da escola, se essas possuíam ou não um ambiente favorável e adequado que possibilitassem uma boa aprendizagem a seus alunos. Pra tanto também foram utilizados questionários para levantamentos de dados.
O próximo passo no processo foi observação através da analise das metas anuais das Instituições, para isso se fez necessário o estudo dos PPP’s (Projetos Políticos Pedagógicos) onde analisou-se realmente quais os objetivos que as Escolas propunham para melhoria em a cada modalidade de ensino. Também fora avaliado como se dava a participação dos pais e da comunidade na vida e na aprendizagem dos educandos.
E por último analisou-se as questões relativas às metodologias de ensino em relação às práticas de leitura, letramento e numeralização dos alunos no ensino fundamental. Para tanto, utilizou-se como instrumento de pesquisa a aplicação de atividades diagnosticas da aprendizagem elaboradas de acordo com os padrões da Provinha Brasil, estando relacionados com os objetivos do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e dos PCN’s (Parâmetros Curriculares para Educação Nacional) para cada modalidade.
Para a construção dos instrumentos diagnósticos a ser realizados com os alunos recorremos a MORIN (2003, p. 15) que no seu terceiro saber afirma que ensinar é uma condição humana, é que o ser humano é a um só tempo físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Assim entende-se que o autor defende o ensino como condição humana é reconhece a unidade da identidade comum aos humanos, a sua diversidade e a complexidade da natureza humana.
 De acordo com Morin (2003), a condição humana como unidade complexa deveria ser o objeto essencial de todo o ensino, mas esse propósito encontra-se impossibilitado pela desintegração das disciplinas. Percebe-se então que o saber e a construção do mesmo são subjetivos, que ocorre na relação entre os entres humanos.
Esses instrumentos têm  como objetivo principal a aproximação da realidade escolar e possíveis ações que seriam desenvolvidas pelos bolsistas junto às orientações das supervisoras e coordenadora envolvidas no Programa. Visando fortalecer mais a parceria entre Escola e Universidade. Possibilitando um repensar na nossa formação de nosso contexto profissional. 

A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DAS ESCOLAS: REFLEXÃO E AÇÃO

            O primeiro contato com as Escolas se deu através das professoras supervisoras (bolsistas) do programa que são docentes das mesmas. Para conhecermos melhor as instituições conveniadas ao Programa solicitou-se o PPP (Projeto Político Pedagógico) de cada uma delas (Escolas).  Ao analisar tais documentos percebeu-se que, em uma a estrutura escrita tinha cerca de 4 anos, ou seja, não respeitava um dos princípios dos PPP’s de que tem de ser elaborados anualmente de acordo com a realidade sociocultural de cada comunidade escolar, mas o mesmo relatava o aspecto situacional e definia objetivos gerais para séries iniciais; no outro PPP analisado notou-se a presença de elementos didático-pedagógicos que mais pareciam um plano anual de ensino.
            Os PPP´s das Escolas não possibilitavam o conhecimento da história das escolas,  assim como também  não permite que seja identificado a  proposta pedagógica das mesmas.
            Essa questão propõe pensar o porquê da revitalização de um Projeto Político Pedagógico nas escolas? A esse respeito cita Vasconcellos (1995):


Projeto Pedagógico [...] é um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ação de todos os agentes da instituição (p.143).


            A partir desta, percebeu-se que o Projeto Político Pedagógico de toda instituição de educação escolar, se constitui em um instrumento que irá corroborar para que esta possa  enfrentar os desafios cotidianos no âmbito escolar, ampliando suas formas de ação e de atuação pedagógica de maneira reflexiva. E para que esta proposta se concretize na prática será necessário a participação ativa do corpo docente, da equipe pedagógica, dos pais  e dos alunos na sua construção.
            Nos PPP´s das escolas deverá esta definido os objetivos, as ações didático-pedagógicas, às finalidades, necessidades e  dos alunos, professores, funcionários e comunidade escolar. Assim esse documento não deve ser entendido como algo acabado, definido, mas sim, como algo mutável e flexível tendo em vista, que com o passar dos tempos algumas práticas precisam ser revistas e modificadas, pois a cada ano surgem diferentes necessidades e anseios por parte da clientela (os alunos).
O projeto político pedagógico deve ser considerado como um processo constante de discussão e reflexão dos problemas vivenciados pelas instituições de ensino, além de possibilitar a busca de alternativas para efetivar a sua real intenção. Pois segundo Vasconcellos (2002) o projeto tenciona contribuir para a consolidação da autonomia escolar.


O Projeto tem uma importante contribuição no sentido de ajudar a conquistar e consolidar a autonomia da escola, criar um clima, um ethos onde professores e equipe se sintam responsáveis por aquilo que lá acontece, inclusive em relação ao desenvolvimento dos alunos. De certa forma, é o Projeto que vai articular, no interior da escola, a tensa vivência da descentralização e, através disto, permitir o diálogo consistente e fecundo com a comunidade e com os órgãos dirigentes. (p. 21)


            Em virtude do que foi mencionado anteriormente, analisou-se os PPP´s das escolas vinculadas ao Programa Institucional de Iniciação à Docência (PIBID) e percebeu-se o quanto se faz necessário um processo interventivo para revitalização destes, pois compreende-se esse documento  como o corpo da escola. Sendo sua função principal descrever quem é a escola? como ela se organiza e funciona? Quem são seus alunos? Quais são seus objetivos? Dentre outros fatores estruturantes do processo educativo de cada instituição.
            Notou-se que a regência e organização escolar são imprescindíveis para a construção de uma escola com ações concretas “reais”, no sentido de planejamento e execução de um currículo que seja veiculado na escola com veracidade no conteúdo trabalhado com os alunos, por isso se faz necessário a construção do PPP da escola e sua reformulação anual.
            O Planejamento Curricular é o espaço onde ocorre a de tomada de decisões sobre a ação escolar. E é justamente no espaço do planejamento das atividades didático-pedagógicas que o PIBID pretende atuar de forma mais efetiva, colaborando com o desenvolvimento cognitivo dos alunos através de propostas educativas que envolvam práticas de letramento e de numeralização. Pois está no planejamento a chave para evitar os improvisos na sala de aula.
             Portanto, o planejamento constitui um instrumento que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, através dos diversos componentes curriculares (Vasconcellos, 1995, p. 56).
            Com isso compreendeu-se a relevância da construção de um PPP. Pois nele estarão registradas as ações concretas da escola, e é por meio dele que o corpo docente poderá refletir sobre as práticas de ensino adotadas pela escola ao longo do ano.
           

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Este estudo veio contribuir para uma reflexão acerca dos processos em que está envolto a educação e suas múltiplas faces. Sobretudo por que este contato Universidade/Escola se configura num viés onde os licenciandos têm inúmeras oportunidades de aprendizados a respeito de seu campo de atuação profissional. A trajetória que esta sendo trilhada a partir desse Programa Institucional a Docência (PIBID UERN) só tem a fortalecer a relação com o saber e o saber fazer docente.
            O PIBID possibilitou não só a reflexão a respeito da revitalização do PPP das escolas como também através desta tarefa se buscou criar instrumentos de pesquisa que possibilitasse aos Bolsistas uma forma de investigar e descobrir quem é a escola, como ela se organiza ,quem são os alunos, qual o nível que os mesmos estão e que é a comunidade em torno destas escolas? Essas foram questões norteadoras que deu inicio a nossa pesquisa, pois a proposta de investigação do campo escolar já demarcada no projeto do PIBID se mostrou, mas que necessária para traçar o perfil das escolas.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. – São Paulo; Paz e Terra, 1996. (Coleção leituras).
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez, 2003.
OLIVEIRA, J. B. A e CHADWICK, C. Aprender  e ensinar. 5° ed, São Paulo; Global, 2002.
PERRENOUD, Phillipe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Editora Artmed, 2000.
THERRIEN, Jacques; MAMEDE, Maíra e LOILA, Francisco. Trabalho docente e transformação pedagógica da matéria: alguns elementos da gestão de conteúdos no contexto da sala de aula. In: Formação e práticas Docentes. Fortaleza: UECE. 2007.
VASCONCELLOS, C. S. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e Projeto Educativo. São Paulo, Libertad, 1995.
ZABALA, Antoni. As sequências didáticas e as sequências de conteúdos. IN: A prática educativa. Como ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998 ( pág. 53 a 87)


¹ Este trabalho contou com a colaboração  e orientação da Professora Francisca Maria Gomes Cabral Soares, coordenadora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES
² Alunas da graduação em Pedagogia pela FE/UERN, Bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência PIBID/CAPES.

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